foto: Luiz Eduardo Carneiro
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Carta aos colegas e companheiros de causa: Os Arte educadores

Caríssimos,

Quando se fala em arte educação; com o teatro em especial, que é a minha área, o que se pode imaginar?

O educador, além de passar “saberes”, é muito importante no auxílio à formação do educando como sujeito em uma sociedade, valorizando o protagonismo. Sendo assim, o educador precisa também se conhecer para poder auxiliar. Como assim? Através da escuta do outro, assim vamos adquirindo o auto-conhecimento, as diferenças do outro nos ensina a nos entender melhor e a enxergar as nossas diferenças, precisamos ficar atentos ao grito do outro. O educador tem o papel de guiar o educando para a aquisição da capacidade de assimilar, entender, compreender e descobrir as riquezas que traz em si mesmo e as riquezas do mundo, sendo capaz de ele mesmo fazer a conexão entre o conhecimento adquirido, com a sua vida prática. Ver e compreender o mundo em sua totalidade possibilita a quebra dos paradigmas, e clareia os caminhos rumo aos nossos objetivos. A variedade do saber visa uma formação social e pessoal sem hierarquias e sem processos exclusivistas. Brincar de ser o outro e se colocar no lugar do outro desenvolve o auto conhecimento e o respeito pelo o próximo com as suas diferenças, visando o aprimoramento das características humanas.

Vejo sempre como desafio desenvolver métodos para aplicar dentro da sala de aula, voltados para o compreensão do humano trabalhando num contexto artístico. Como inserir isso no processo da criação do espetáculo de final de curso? Estou falando de desafios, não é? Concluo assim, que o ideal não é só a qualidade do produto final e sim o efeito que causou em cada educando como sujeito na sociedade; no qual, o processo foi o mais importante. Como experiência artística, o treinamento técnico não é o principal, mas sim o processo formador; compreendendo e priorizando as individualidades para um resultado melhor em um todo. O conhecimento do todo a partir do conhecimento de si e dos outros, buscando respostas para os questionamentos do mundo, de você e do outro , despertando a consciência individual, harmonizada ao grupo social ao que pertence ; favorecendo assim, a inclusão social, na busca do equilíbrio com Sensibilidade e Inteligência.

Dentre as minhas inspirações, está o Teatro do Oprimido de Augusto Boal, que tem como principais objetivos a democratização dos meios de produções teatrais, o acesso das camadas menos favorecidas, e a transformação da realidade através do diálogo e do teatro. O teatro do oprimido visa também a formação de sujeitos sociais que possam ser veículos multiplicadores da defesa por direitos humanos e cidadania.

Portanto, colegas e companheiros de causa; desenvolvendo o encontro, a aceitação e consciência das individualidades presentes dentro de um grupo; estaremos Incentivando o pensamento crítico do mundo ao nosso redor e fazendo a nossa parte, possuímos a utopia de poder alcançar uma sociedade mais justa e digna.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Me apresento

Uma noite ele foi feito.
Aquela que ía gerá-lo, tinha gerado um monte, ele era o último; e ela já estava na faixa dos quarenta anos.
Aquele que o fez, trabalhava bastante; mas era artista e boêmio. Naquela noite, estava a passeio em casa, trabalhava em outra cidade; e deixou a semente no ventre da sua mulher.
Será menopausa? Não. Era ele!!! A mãe: - Que vergonha! Parir ao mesmo tempo que a filha mais velha!
O nascimento foi festivo, onze pessoas no quarto da maternidade para receber o bebê, era cabeludo e de olhos puxados. O único irmão homem finalmente realizou o sonho de ter um irmãozinho homem também, mas já não tinha tanta graça, tinha esperado demais, e além disso era tão pequeno e frágil; mas mesmo assim fez mil promessas do tipo: - Vou pagar seus estudos, etc.
A mãe tinha uma dilema: Curtir o filho temporão ou o primeiro neto? Qualquer que fosse a opção ela seria julgada por dar preferência ao filho (que é natural). Apesar dos esforços para não existir diferenças; tanto o filho, como o neto e a mãe/avó sofreram com esse impasse, embora o amor estivesse sempre presente.
Mil expectativas em cima desta criança. O tempo foi passando e a criança crescendo com forte inclinação para as artes. "Ah!!! Como é inteligente e falante. Desenha e pinta muto bem! (Este menino precisa ser podado porque o mundo real não tem as cores que ele pinta)". Ele tinha tudo para ser um vitorioso na vida. Será?!!! Notas boas sempre, e quadro de honra na escola. Era um menino talentoso, mas de olhos tristes; apesar de não ter motivos. Será?!!! Sempre apaixonado por alguma das coleguinhas da classe.
Chegou a adolescência, ele continuava apaixonado por uma outra das suas colegas da classe, mas as notas já não eram tão boas e o pensamento sempre vagando. Mil idéias, criatividade e hormônios borbulhando. A timidez tomou conta. Viu que não era um modelo de perfeição que impuseram a ele, e cobravam: -"Você tem a obrigação de se destacar!!!" Mas ele não conseguia, ele era apenas um adolescente cheio de sonhos comum à sua idade, nada mais. Foi se decepcionando com a vida, com a colega pela qual era apaixonado, com o sobrinho da mesma idade, e consigo mesmo. Namoradas??? Muita decepção, sempre esperava demais! E... sofria... sofria... sofria...
Na juventude tinha muitos amigos. Ele era interessante, se vestia bem, era criativo e arrojado. Alvo de admiração e inveja. Começou a trabalhar com fotografia, tinha conseguido um certo destaque na área, apesar de bem jovem. Ganhava dinheiro e viajava muito, emprestava aos amigos. Exercia uma liderança na turma de amizades. Era, de certa forma, bem sucedido. Cursou uma faculdade e saiu em busca de algo que ele não sabia o que era. Mudou de cidade, deixando de lado a estabilidade que tinha conquistado e foi atrás desse "algo". Aprendeu, sofreu, lutou, divertiu, ganhou, perdeu, experimentou, abusou, noivou, separou, amou, desiludiu e voltou.
Quando voltou, já não tão jovenzinho, os amigos já estavam estabilizados na vida e a maioria deles já tinha casado. Já não achava mais seu espaço, era o "queridinho" da turma e também o "diferente". Já não conseguia se identificar com eles. Têve depressão, tomou remédio, fez análise, quase perdeu o rumo e a capacidade de sonhar. Mas conseguiu se levantar.
Agora com, aproximadamente, a idade que sua mãe engravidou dele. Uma idade que era tão longínqua! Não casou, não tem filhos e não construiu patrimônios. Mas continua aquele menino inteligente e cheio de talentos. Novamente, saiu em busca do "algo".
Sucesso?!!! O que é sucesso? Se for não ficar parado e ir atrás de coisas que acredita mesmo que estejam fora dos padrões familiares; se for nunca deixar de trabalhar com o que realmente gosta; se for realizar projetos artísticos de maneira profissional e eficaz; se for tudo isso: Ele é um homem de sucesso! Mesmo não tendo uma vida dentro dos padrões impostos, não tendo filhos e nem patrimônios. Uma vez, uma amiga comentou que na vida dele nada dava certo. O que é dar certo?!!! É seguir padrões?!!! ???
O que é importante é que ele nunca parou, está sempre inquieto e em busca. E com muita força, sempre recomeçando!!! Sempre mais forte do que quando começou.

Ele é fotógrafo profissional, ator e produtor cultural. Quem é ele? Ele sou eu.


Luiz Eduardo Carneiro (Dado)